O estreante na Câmara de Vereadores de Santa Maria o parlamentar João Ricardo Vargas (PSDB) experimentou, na tarde de quinta-feira, o peso do reconhecimento pelo público do seu mais recente e, ao que tudo indica, mais polêmico projeto: o que proíbe uso de máscaras ou de qualquer outro meio capaz de ocultar o rosto com o propósito de impedir sua identificação em manifestação.
A proposta do tucano - que já foi comandante do Batalhão de Operações Especiais (BOE) da Brigada Militar - ainda determina que a participação em manifestações deverá ser exercida pacificamente, sem porte ou uso de quaisquer armas. Porém, foi durante a ocupação do Legislativo, na tarde de quinta, que Vargas presenciou de perto o que é estar, popularmente falando, "na boca do povo".
_ Qualquer projeto objetiva, de fato, a discussão. E, falando bem ou mal, o tema ganhou repercussão. E isso é importante.
Mesmo aos gritos de "coronel", "não vivemos mais em uma ditadura", Vargas se diz determinado: não recuará um centímetro sequer sobre o projeto de lei que, no momento, está na Procuradoria Jurídica da Casa.
_ Os principais protagonistas dos confrontos vistos, em Porto Alegre, São Paulo e Rio de Janeiro, eram sujeitos mascarados. Isso é fato e só questiona quem, de fato, está com o propósito de agir com má-fé. Em Santa Maria, estamos lidando com ativistas perigosos.
Já o líder da oposição, Luciano Guerra (PT), avalia que os manifestantes "erram o tom" ao agirem de forma intempestiva dentro do Plenário:
_ Respeitamos todos os movimentos. Só não admitimos que grupos desorganizados e desordeiros promovam atos de desrespeito à Casa.
Entre peemedebistas, entendimento é divergente
O líder do governo no Legislativo, João Carlos Maciel (PMDB), acredita que a Câmara deve, sim, "dar ouvidos" aos manifestantes:
_ Cabe a nós, que somos o poder Legislativo, ouvir todas as camadas da sociedade e, principalmente, os jovens. Todas as questões apontadas por eles (manifestantes) estão sendo, devidamente, acompanhadas. Mas o Legislativo fica impotente quanto a alguns temas.
O colega de partido, João Kaus, acredita que os manifestantes estão longe de representar os anseios da sociedade:
_ Essa Casa é do povo e não de um grupo desordeiro.